A ADVERSIDADE PRODUZ MUDANÇA DE CARÁTER

As adversidades pelas quais passamos em nossas vidas são na verdade instrumentos que Deus nos dá para que possamos crescer espiritualmente e nos aproximarmos mais Dele.

Deus utiliza as adversidades para mudar o nosso caráter. Todos os crentes terão aflições no decorrer de suas vidas, em nenhum momento Deus prometeu nos livrar das aflições do mundo, ao contrário, no Evangelho de João, Capítulo 15, versículo 33, Jesus diz: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.

Portanto passar por dificuldades, aflições é algo natural na vida do verdadeiro cristão, porém, isso não deve ser motivo de desânimo, pois no próprio versículo que diz que passaremos por aflições, nos garante a vitória, pois servimos ao Deus que venceu o mundo. Sendo assim, por pior que seja a situação, não devemos temer, pois Deus estará ao nosso lado e nos garantirá a vitória.

O problema é que vivemos numa época em que ser crente virou moda e a cada dia que passa diminui o número de cristão verdadeiramente comprometidos com a obra. A maioria não está disposta a renunciar à velha criatura em prol da obra do Senhor, tentam a todo custo conciliar o mundo com as coisas do Reino de Deus e isso só os levará ao caminho da destruição. Essas pessoas ao se depararem com a primeira dificuldade desanimarão, pois não conseguem enxergar que isso também faz parte do propósito de Deus para as nossas vidas, pois é através da adversidade que Deus nos prova e nos molda para que tenhamos um caráter aprovado por Ele.

Na leitura da Bíblia podemos nos deparar com várias passagens onde Deus utilizou-se da adversidade para moldar as pessoas ao seu padrão. Vejamos apenas três:

a) PAULO (2 CORÍNTIOS 12:7-10)

“7 Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. 8 Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. 9 Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei  ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. 10 Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.”

O poder de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas. No texto acima, Paulo afirma que é na fraqueza que ele se sente forte, pois é exatamente nesse período que Deus trata conosco, são nos momento de dificuldades que nos aproximamos mais de Deus, pois reconhecemos nossa limitação, como seres humanos.

Paulo nos ensina, ainda, que nos momentos de fraqueza devemos glorificar a Deus, para que o Seu poder se aperfeiçoe em nós. Não adianta ficarmos reclamando, murmurando acerca dos problemas que surgem em nossas vidas, pois essa atitude apenas nos afastará de Deus. É difícil, mas, precisamos descansar no Senhor, confiar 100% Nele, sabendo que nada acontece sem a Sua autorização.

b) JÓ (JÓ 1:8-21)

“8 Disse então o SENHOR a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. 9 “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, respondeu Satanás. 10 “Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra. 11 Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face.” 12 O SENHOR disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele”. Então Satanás saiu da presença do SENHOR. 13 Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, 14 um mensageiro veio dizer a Jó: “Os bois estavam arando e os jumentos estavam pastando por perto, 15 quando os sabeus os atacaram e os levaram embora. Mataram à espada os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” 16 Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Fogo de Deus caiu do céu e queimou totalmente as ovelhas e os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” 17 Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Vieram caldeus em três bandos, atacaram os camelos e os levaram embora. Mataram à espada os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” 18 Enquanto ele ainda estava falando, chegou ainda outro mensageiro e disse: “Seus filhos e suas filhas estavam num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, 19 quando, de repente, um vento muito forte veio do deserto e atingiu os quatro cantos da casa, que desabou. Eles morreram, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” 20 Ao ouvir isso, Jó levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça. Então prostrou-se, rosto em terra, em adoração, 21 e disse: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei  O SE NHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome do SENHOR ”.

Jó era uma pessoa de muitas posses, pois andava nos caminhos do Senhor, com temor e obediência, logo era abençoado em tudo que fazia. O Diabo, em certo momento, sugeriu a Deus que essa obediência de Jó não provinha do seu amor a Deus, mas, sim do fato de gozar de uma vida regada de fartura, mas, que se Jó nada tivesse não agiria de tal forma. O Diabo não cria que alguém pudesse se manter fiel a Cristo na dificuldade, sem ter o que comer, enfim, queria provar a Deus que seu servo não o amava verdadeiramente e que esse amor estava vinculado às suas posses e, portanto, sendo estas retiradas dele, automaticamente, esse amor também se perderia.

Deus então decidiu provar a fé de Jó e autorizou  Satanás a agir na vida de Jó poupando-lhe apenas sua vida. No versículo 12 desse texto fica muito claro qual a hierarquia no reino espiritual. Podemos constatar a soberania de Deus sobre Satanás. É possível concluir que nada acontece em nossas vidas sem que Deus permita, Satanás não pode nos tocar sem a autorização de Deus, não há nenhuma dúvida quanto isso.

Sendo assim, quando algo de ruim acontecer a nós, não podemos culpar Deus por isso, ao contrário temos que dar glória ao Seu nome e entender que estamos sob provação, Deus está provando o nosso caráter, Ele quer saber o quanto suportamos em nome do seu Amor.  Isso acontece porque muitas pessoas ao conseguirem as bençãos que tanto desejam, simplesmente se afastam de Deus, pois o seu amor não estava Nele, mas, sim no que Ele poderia lhe oferecer, ou seja, enquanto está prosperando Deus existe, quando a adversidade bate à porta Ele é abandonado e, pior, acusado de traição, pois aquela pessoa infelizmente não consegue entender o verdadeiro propósito de Deus para sua vida.

Quando Deus nos coloca em situações de dificuldades Ele tem um só objetivo, tratar áreas de nossas vidas que precisam ser mudadas, então, Ele nos manda para o deserto, para que possamos nos aproximarmos mais Dele e, humildemente, nos prostarmos aos seus pés e admitir que nada somos sem Ele, que nada possuímos nessa vida, admitirmos que somos pecadores e que dependemos da sua misericórdia para continuarmos a viver. É no deserto que seremos barro nas mãos de Deus, se preciso for ele quebrará o vaso e recomeçará o molde, nos moldará de forma a nos aproximarmos ainda mais ao seu caráter. Precisamos entender e crer que Deus jamais quer o nosso mal, tudo que acontecer em nossas vidas é porque Deus permitiu, então, vamos dar sempre glórias a Deus por nossas vidas.

Continuando, dada a permissão de Deus, Satanás começou a agir na vida de Jó e

lhe tirou, de uma só vez, todas as suas posses e seus filhos, em questão de minutos, Jó não tinha mais nada, estava falido e, pior, sozinho, pois até os seus sete filhos e três filhas haviam morrido.

Vamos tentar nos colocar na posição de Jó. Qual seria a nossa reação? Ao acordamos éramos uma das pessoas mais ricas de Israel, muitas posses, dez filhos lindos e saudáveis e, derrepente, recebemos a notícia de que acabávamos de perder todos os nossos bens, estávamos falidos, sem nada. Então, quando pensamos que nada pior poderia acontecer, chega alguém dizendo que TODOS os nossos filhos estavam mortos, não havia sobrado nenhum. Agora além de falido, sozinho. Qual seria a nossa reação?

A resposta a esta pergunta é  termômetro da nossa relação com Deus. 

Jó, apesar de tudo que havia lhe acontecido não culpou Deus por nada daquilo, ele simplesmente lamentou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça e prostrou-se em terra, em adoração e disse: “Saí nu do ventre de minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou, louvado seja o nome do Senhor”.

Naquela época o ato de rasgar as vestes e raspar a cabeça era demonstração de humildade. Jó tinha todos os motivos para se revoltar contra Deus, culpá-lo por essa tragédia, fazer biquinho e ficar “de mal” com Deus, mas, não, ele fez algo que é indescritível, ele louvou a Deus por aquilo, pois sabia que nada que possuía no mundo lhe pertencia, inclusive, seus filhos. Ele não possuía nada e se Deus o colocou no mundo nu, sem nada, também poderia lhe tirar tudo, pois tudo que possuía não era dele, mas, sim de Deus. Ele sabia que se tudo aquilo acontecera foi por vontade de Deus, ainda que aos seus olhos fosse impossível entender, mas, ainda sim, cria que era o melhor de Deus para sua vida, ainda que não houvesse justa causa, pois a Palavra diz que Jó não havia pecado contra Deus.

É neste exemplo que devemos nos apegar, para que não desanimemos. Deus tem sempre o melhor para as nossas vidas ainda que aos nossos olhos não seja possível entender, temos que saber que Deus e fiel e cumpre suas promessas.

c) ESTEVÃO (ATOS 7:59-60)

“59 Enquanto apedrejavam Estêvão, este orava: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. 60 Então caiu de joelhos e bradou: “Senhor, não os consideres culpados deste pecado”. E, tendo dito isso, adormeceu.”

Estevão estava sendo apedrejado, mas, ainda sim, mantinha-se fiel a Deus, ao invés de murmurar, pediu para que Deus tivesse misericórdia da vida daqueles que o agredia. Quem de nós teria tamanha fé?

Temos que aprender nesses exemplos que não importa a circunstância que estivermos passando, Deus estará sempre conosco, ao nosso lado, lutando por nós.

As adversidades podem ser pedra de tropeço ou pedra de apoio, vai depender da forma como olharemos para ela. Ao depararmos com a pedra em nosso caminho poderemos tropeçar e cair e ficarmos prostrados no chão, lamentando por nossas feridas e, pior, procurando o culpado por ter deixado a pedra no caminho. Ou, então, ao encontramos essa mesma pedra, usá-la como apoio para transpor o buraco que está logo após, pois a pedra é que nos dará o impulso necessário para saltar para o outro lado.

Essa é o segredo para vitória, crer que o nosso Deus é maior que qualquer problema que possamos ter no mundo, pois ele venceu o mundo.

Como dito antes, Deus usa de várias estratégias para nos ensinar acerca dos nossos erros, para moldar o nosso caráter, para corrigir o caminho tortuoso, escolhido por nós para ser trilhado. Enfim, as nossas dificuldades têm como único objetivo nos ajudar e nunca nos derrotar, pois Deus tem sempre o melhor para nós. Ele prova aqueles que Ele quer aprovar.

Cito três textos que reforçam o acima dito. São eles:

“67 Antes de ser castigado, eu andava desviado, mas agora obedeço à tua palavra.... 71 Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos... 75 Sei, SENHOR, que as tuas ordenanças são justas, e que por tua fidelidade me castigaste.” (Salmo 119:67, 71 e 75)

“6 pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho” 7 Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? 8 Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos . 9 Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos! 10 Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade” (Hebreus 12:6-10)

“31 Mas, se nós tivéssemos o cuidado de examinar a nós mesmos, não receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11:31,32)

As adversidades são normais e Deus as emprega para fazer-nos crescer e aprofundar na fé e libertar-nos de maus hábitos -  “4 Quando se retira a escória da prata, nesta se tem material para o ourives” (Provérbios 25:4)

Outros versículos:

TIAGO 1:2-4

“2 Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, 3 pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. 4 E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.”

ROMANOS 5:3-5

“3 Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; 4 a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. 5 E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu.”

1 TESSALONICENSES 5:16-18

“16 Alegrem-se sempre. 17 Orem continuamente. 18 Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus”

As adversidades podem ser degraus de acesso a um caráter mais íntegro e de maio utilidade. Devemos, porém, não interpretar de forma errada essas provas, para que não sejam motivos de desânimo e depressão.

Devemos sempre lembrar que as pedras devem ser “DEGRAUS DE APOIO” e nunca “PEDRAS DE TROPEÇO”.